Vai ir ou irá?
Nesses casos, "ir" é um verbo auxiliar, desprovido do sentido usual de movimento, deslocamento. Aplicando o raciocínio às locuções vou ir, vai ir, vão ir e vamos ir, compreendemos que as formas flexionadas (vou, vamos, vai) não têm sentido de movimento: elas apenas compõem o sentido de ação futura.
Entretanto, o uso excessivo do verbo ir empobrece o estilo e com alguns verbos fica no mínimo estranho. O problema maior ocorre quando o verbo ir acompanha o próprio verbo ir ou o verbo vir. É a história do “eu vou ir” e do ridículo “eu vou vir”. A forma eu vou ir parece redundante.
Não há nenhuma ocorrência de «vou ir» no padrão do português europeu. Não podemos concluir, todavia, que tal se dá por estarmos em face de um pleonasmo: vou indo não é rejeitado como sendo um pleonasmo, da mesma maneira que vou vir não é sentido como uma contradição.
Todavia, outros tantos gramáticos não veem problema algum na construção “eu vou ir”, já que “vou” é verbo auxiliar (indicativo de tempo futuro) e está no presente, ao passo que “ir” é o verbo principal (indicativo da ação) e está no infinitivo.